A ABIMO, em parceria com a Apex-Brasil, promoveu um amplo estudo sobre tecnologias assistivas no Brasil. O intuito foi identificar oportunidades para fortalecer e ampliar a produção nacional e a presença de produtos brasileiros no exterior. O estudo foi desenvolvido pela Kaiser Associates e traz um panorama desse mercado, que movimenta aproximadamente US$ 1,35 bilhão.
Hoje, segundo o estudo, a indústria nacional atende a cerca de 70% da demanda geral. Isso abre espaço para uma grande gama de oportunidades de expansão e crescimento. “Pelo que observei, trata-se de um setor extremamente empreendedor, composto principalmente por empresas locais atendendo às necessidades locais. A ampla demanda regional pode proporcionar o desenvolvimento de uma indústria mais fortalecida do que em outros segmentos. Hoje, os únicos setores que crescem no Brasil são saúde, educação e uma parcela do agronegócio. E, como a saúde vem passando por uma reestruturação, as empresas de tecnologias assistivas estão em um momento propício para repensar seus posicionamentos”, declara Antônio Napole, vice-presidente sênior da Kaiser Associates.
Por meio de uma análise do macroambiente tanto do Brasil quanto dos atuais cenários internacionais, é possível avaliar a atratividade e os desafios que serão enfrentados em termos políticos, econômicos, regulatórios e, também, quanto às questões demográficas e sociais. Uma análise geral sobre a competitividade da indústria traça um panorama importante a quem visualiza um futuro promissor nesta área.
Elaborando uma expectativa para os próximos anos, o estudo apresenta uma situação favorável a quem planeja investir: o crescimento estimado é de 9,4% ao ano, o que levará o país a movimentar mais de US$ 2 bilhões em 2020.
Produção nacional x importações
Esmiuçando o setor, o estudo analisa o atual mercado e faz projeções individuais para cada uma das oito categorias de produtos observadas: aparelhos ortopédicos, aparelhos auditivos, próteses articulares, camas de uso clínico, cadeiras de rodas, aparelhos de mecanoterapia, lentes intraoculares e outros. No Brasil, 59% das comercializações envolvem aparelhos ortopédicos, auditivos e próteses articulares.
Na relação entre produção nacional e importações, a balança pende para os produtos estrangeiros no mercado de lentes intraoculares: os produtos importados atendem a 70% da demanda. Em contrapartida, o Brasil é capaz de suprir 97% de sua demanda por cadeiras de rodas, importando apenas 3% desse tipo de produto.
“Temos um alto percentual de produtos nacionais em circulação. Com financiamentos e investimentos, a indústria tem capacidade de ampliar ainda mais a sua produção”, comenta Clara Porto, gerente de projetos e marketing internacional da ABIMO.
Algumas das tecnologias apontadas como as mais relevantes no país também carecem de importações para atender totalmente à demanda interna: 40% das próteses articulares são importadas, assim como 35% dos aparelhos ortopédicos e 30% dos auditivos.
Exportações
A pesquisa encomendada pela ABIMO analisou, com prioridade, os mercados de tecnologias assistivas em países como México, Colômbia, Chile, Arábia Saudita e Turquia. Para calcular o tamanho e as particularidades de cada um desses mercados, traçou um panorama macro sobre a área no Brasil e investiu em um comparativo.
Os principais fundamentos observados respondem principalmente a questões demográficas e hospitalares. É importante saber, por exemplo, qual a porcentagem de idosos com idade acima de 65 anos em cada país, visto que idosos são mais propensos a adquirir produtos de tecnologias assistivas.
Além disso, observou a quantidade de leitos hospitalares, o número de médicos, o número de deficientes e os gastos totais com saúde em cada uma das nações-alvo. Destacam-se o mercado mexicano de aparelhos ortopédicos, auditivos e de próteses articulares, o mercado de camas de uso clínico da Arábia Saudita e o mercado de aparelhos ortopédicos da Turquia que, juntos, representam os cinco maiores mercados estrangeiros de tecnologias assistivas, tendo gerado movimentos de mais de US$ 650 milhões em 2015.
Estudar as características individuais de cada país, bem como as necessidades pontuais de sua população, é fundamental para que um plano de internacionalização seja bem traçado. Pensando nisso, a ABIMO investiu em benchmarking a fim de conhecer a atuação das associações ao redor do mundo. “A Alemanha, por exemplo, foca em grandes empresas já estabelecidas no mercado. Por lá, a atuação da ABIMO estará dedicada ao desenvolvimento de empresas que estão se formando. Já no Reino Unido, o trabalho é mais parecido com o que estamos habituados no Brasil, ou seja, com foco no incentivo a pequenas empresas que visam explorar o mercado internacional”, comenta Clara Porto.