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INDÚSTRIA 4.0: A SAÚDE CADA VEZ MAIS CONECTADA

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INDÚSTRIA 4.0: A SAÚDE CADA VEZ MAIS CONECTADA

ABIMO destaca suas ações de excelência em prol de avanços tecnológicos nos setores odontológico e médico

As aplicações e soluções da tecnologia da informação e comunicação em processos industriais são muitas e estão evoluindo rapidamente. A capacidade que as máquinas têm de monitorar, analisar, predizer e automatizar os negócios em tempo real forçou as empresas a refletirem de forma cautelosa sobre os modelos usados para diminuir riscos, otimizar processos, aumentar a produtividade e reduzir o dispêndio de toda e qualquer atividade humana, bem como reduzir o consumo de energia, entre outras possibilidades.

Com o avanço exponencial da capacidade dos computadores, a imensa quantidade de informação digitalizada e as estratégias de inovação, nasce uma nova lógica de produção que tem como pilar a tecnologia combinada com a inteligência no processamento de dados.

Máquinas e homens trabalharão conjuntamente em um processo que usará a capacidade máxima de produção com o menor custo e erro zero. Baseada nesses valores e conhecida como a quarta revolução industrial, a indústria 4.0 é um conceito proposto recentemente e engloba as principais inovações tecnológicas nos campos de automação, controle e tecnologia da informação aplicadas aos processos de manufatura. O termo surgiu na Alemanha, na edição de 2011 da Feira de Hannover, e propõe transpor os limites entre o mundo digital, o físico e o biológico.

Na entrevista a seguir, Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), fala sobre os rumos da indústria 4.0 no setor da saúde e sobre o grupo de trabalho criado pela entidade com foco em Saúde 4.0 – Políticas Industriais Baseadas em Conectividade e IoT, Repositórios de Códigos de Ética e Normas Técnicas em Automação, Informática Médica e Telemedicina. Confira!

Hospitalar: Quais os impactos da Industria 4.0 na saúde?

Paulo Fraccaro: Na saúde, a indústria 4.0 impacta diretamente no desenvolvimento de novos tratamentos, no monitoramento do paciente e na gestão dos recursos das unidades de saúde. Em um hospital, por exemplo, a indústria 4.0 incentivará a colaboração e geração de conhecimento, o que leva cada vez mais inteligência ao processamento de exames laboratoriais. A conexão entre máquinas permite a troca de comandos, o envio de material biológico para o equipamento correto, gerando resultados mais precisos e em tempo cada vez mais curto. Máquinas que usam tecnologias 4.0 antecipam a necessidade de manutenção; materiais que usam essas tecnologias viabilizam o inventário automático; mão de obra que usa tecnologias da quarta revolução industrial elimina tarefas que não agregam valor para o paciente.  

Hospitalar: Quais são as perspectivas para o uso de tecnologia na área da saúde?

Paulo Fraccaro: De todas as perspectivas para o uso de tecnologia na área da saúde, a IoT é uma das mais promissoras. Em essência, a IoT é definida como a habilidade que as máquinas têm de monitorar, analisar, predizer e verdadeiramente automatizar os negócios em tempo real. A IMS Research estima que, em 2020, existirão cerca de 22 bilhões de sistemas embarcados e outros dispositivos portáteis conectados à internet que produzirão mais de 2,5 quintilhões de bytes de dados novos a cada dia. Segundo a consultoria Gartner, entre 2014 e 2015, houve aumento de 30% no uso de aparelhos inteligentes, alcançando 4,9 milhões de dispositivos conectados no período, e esse número deve chegar a 23,4 milhões, em 2017, e 25 bilhões, em 2020.

Na área de saúde, a contribuição é ainda maior, visto que o conceito de IoT engloba não só a conexão de dados em tempo real, mas também a análise e a reação com base no entendimento dos dados capturados. Por exemplo, a conexão de monitores acoplados pode permitir ao médico acompanhar pacientes e até prescrever remédios com base nas informações coletadas. A tecnologia RFID, que utiliza código de barras, também permite monitoramento de medicamentos, localização de arquivos ou movimentação de pacientes no hospital. Basicamente é a IoT facilitando os processos, atuando a favor da saúde e aprimorando o relacionamento entre médico e paciente.

Hospitalar: Quais são ainda os desafios da indústria 4.0 no País?

Paulo Fraccaro: Os hospitais brasileiros estão tendo cada vez mais a consciência da necessidade de conectividade, mas precisam compreender que a inteligência artificial pressupõe a inteligência humana. Precisaremos de profissionais com alcance satisfatório para realizar a gestão das tecnologias, bem como desenvolver um departamento de educação continuada específica para tecnologias emergentes. Logo, a aproximação dos profissionais ocorrerá de maneira gradual e com intenção de entender melhor primeiro antes de implantá-la, o que também é uma boa estratégia, porque com conhecimento maior sobre o alcance dessa tecnologia eles poderão contratar as empresas que verdadeiramente estão preparadas para desenvolver e entregar esses projetos em IoT na saúde, especificamente. A questão da privacidade é também um ponto contraditório. O que se discute é a privacidade dos dados do paciente ou a privacidade dos dados da instituição em ambientes online chamados de nuvem. Dentro de uma instituição de saúde já temos consenso de que os dados são dos pacientes, mas [precisamos saber] qual é o tipo de controle na geração e no armazenamento desses dados. Acredito que a questão da privacidade seja de simples solução, mas a questão da arquitetura e precisão desses dados é que ainda vai tirar as noites de sono de muitos profissionais da saúde em suas tomadas de decisão. Destaco ainda outro ponto de atenção quanto ao compartilhamento de dados, pois, mesmo os hospitais que já tem prontuários eletrônicos implantados, têm dificuldades de compartilhar os dados com outras instituições.

A consolidação de informações será parte integrante do sucesso nos investimentos de qualquer hospital, clínica etc., bem como na segurança de aplicação e usabilidade dessas informações. A questão de se estabelecer métricas por modelos será também um fator decisivo para a aquisição de tecnologias emergentes. Os portfólios de empresas que estão oferecendo essas tecnologias e soluções no mercado devem incluir um acervo de informações que contribua para as melhores práticas médicas em todas as instâncias. Não teremos lugar para empresas que estiverem em desacordo com essas avaliações do usuário, pois cada vez mais o consumidor, seja profissional da saúde, instituição, seja cidadão comum, estará mais bem informado e terá acesso a sistemas em tempo real.

Hospitalar: Fale sobre o grupo de trabalho focado em Indústria 4.0 criado pela ABIMO

Paulo Fraccaro: A ABIMO antecipa, de maneira prática e científica, sua notoriedade em estar à frente das discussões e decisões que facilitam as operações e produções nas indústrias, buscando reunir atores de empresas no mercado. Empresas essas que estão alinhadas para discutir as questões de tráfego de dados na infraestrutura de hardware e software das plantas industriais para a transição de tecnologias e cultura corporativa. Tal debate será focado na Indústria 4.0 e na Saúde 4.0. Para isso, as reflexões acerca desse assunto fundamentam-se em: internet das coisas, conectividade sustentável, armazenamento e mineração de dados, além de extração de informações e análises preditivas como apoio à tomada de decisão em tempo real.

Hospitalar: Quais são os objetivos do grupo?

Paulo Fraccaro: A estrutura que vem sendo trabalhada com o GT Saúde 4.0 e Políticas Industriais objetiva a discussão de soluções reais para problemas reais, enfrentados por toda a indústria da saúde no Brasil. Pretendemos mudar o sentido e a direção das soluções para as indústrias, a fim de adequar as empresas de soluções às necessidades mais básicas do setor da indústria da saúde. Para isso acontecer, há parcerias com líderes das indústrias de conectividade, softwares e hardwares. Com a ajuda desses, será traçado um panorama das atuais tecnologias e estruturas de serviços disponíveis para atender às expectativas das indústrias de dispositivos médicos e odontológicos, delineando, igualmente, os eixos fundamentais para os diversos tipos de problemas que enfrentaremos na implementação da Saúde 4.0 no Brasil.

Uma vez que essa etapa esteja consolidada, os líderes da indústria da saúde serão chamados a participar desta significativa evolução de modelo flexível de soluções em Saúde 4.0, em toda a sua amplitude.

Hospitalar: Sabemos que a ABIMO realizou recentemente a sexta edição do CIMES, congresso focado em inovação e em novas tecnologias. Quais foram os principais destaques do evento?

Paulo Fraccaro: Sob o tema Saúde 4.0 – Inovação e Conectividade, o 6º CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde) recebeu grandes nomes nacionais e internacionais da indústria, da academia e do setor regulatório na área da saúde.

O evento reuniu quase 400 participantes em dois dias de talk shows e plenárias que debateram sobre os principais avanços tecnológicos das áreas médica e odontológica, além de promoverem o relacionamento entre todos os players desse mercado em ampla ascensão.

Do mesmo modo, o congresso trouxe intensas apresentações com foco na inovação tecnológica da cadeia de saúde, entre elas uma plenária a fim de debater qual o futuro do setor mediante à revolução industrial que leva o segmento a um novo patamar tecnológico.

Os próximos anos serão de grande transformação para o setor odontológico. Essa foi a percepção dada a quem participou dos talk shows que reuniram lideranças internacionais para a apresentação de tecnologias capazes de otimizar processos, trazer melhorias significativas à rotina dos profissionais da área e transformar de forma profunda o ensino. O CIMES recebeu também representantes da indústria odontológica para que falassem sobre os seus cases e experiências inovadoras nessa área. Os empresários falaram um a um sobre o caminho percorrido por seus produtos desde a ideia até o nascimento. Todos foram unânimes em dizer que inovar no país vai além da questão da necessidade. Está no DNA de suas empresas.

Todos os encontros promovidos pelo Congresso provocaram os participantes a uma nova racionalização sobre o que a cadeia de saúde pode esperar desta enorme revolução industrial que leva o setor a um momento inovador: o da saúde 4.0. Esse é um tema provocador que nos permite o sonho de uma medicina quase ideal onde o médico saberá tudo o que passa com o paciente. Vamos trabalhar essas barreiras, esses conceitos dessa fase revolucionária que estamos vivendo.

Além das palestras, vinte e três centros de pesquisa participaram da Rodada de Inovação Tecnológica, com o objetivo de reunir projetos compatíveis para parcerias e desenvolvimento de novas tecnologias na área da saúde. A ação superou as expectativas com 118 reuniões realizadas nos dois dias do CIMES. Por meio de alianças firmadas com importantes parceiros, como a Investe SP e Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), além de conceituadas universidades, a ABIMO conduziu um processo de agrupamento de diversos centros de pesquisa que desenvolvam pesquisas importantes no progresso de novas tecnologias para a indústria da saúde.

Em continuidade à agenda de trabalho envolvendo inovação, a ABIMO realizará, em 2018, mais uma edição do Prêmio Inova Saúde, que destaca uma indústria do setor odontológico e outra do setor médico-hospitalar por produto ou serviço que figure como inovação na cadeia produtiva nacional e que, desta maneira, tenha contribuído com a elevação do patamar tecnológico em benefício da saúde humana.

A ABIMO acredita que incentivar a indústria nacional, independentemente do porte ou da área de atuação, favorece o país, que ganha em tecnologia; e também toda a sociedade, que é beneficiada com novas soluções e oportunidades. Dessa maneira, o Prêmio Inova Saúde é um título de excelência que reflete e compartilha com todo o setor da saúde as conquistas e os progressos da indústria nacional. Em breve iniciaremos as divulgações sobre as inscrições para as empresas concorrerem ao prêmio.

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