O futuro da prática médica depende do domínio das novas tecnologias

Temática foi abordada durante o Fórum Médicos S/A

medicossaAs novas tecnologias farão do médico um gestor de informações municiadas por tecnologias cada vez mais disruptivas. Entender esse novo lugar é uma das prerrogativas para o exercício da prática médica, segundo o presidente da SoPE (Society of Physician Entrepreneurs), o otorrinolaringologista, consultor e empresário estadunidense Arlen Meyers. O executivo integrou a mesa “Samsungs, Googles, Apples e o futuro da medicina”, do Fórum Médicos S/A, que aconteceu no último dia 15, no Auditório Steffi e Max Perlman do Insper, em São Paulo.

“Os médicos de família, em todo o mundo, estão precisando assumir uma grande quantidade de habilidades que vão além dos cuidados primários, incluindo problemas mais complexos e até ferramentas de mídia, como redes sociais, e tecnologias. Mas o médico ainda não está preparado para isso”, avisa Meyers.

Com a moderação da professora e coordenadora do Núcleo de Telessaúde da UFPE, Magdala Novaes, o talk show também contou com a participação do fundador e CEO do Medicinia BR, Daniel Branco, do CEO da Live Healthcare Media, Vitor Asseituno, e do CEO da Care Unit, Luiz Tizatto.

Mudança de cultura

É preciso uma adaptação do comportamento de todos os envolvidos no processo, como defende Vitor Asseituno. “Às vezes a tecnologia chega, mas a cultura de uso dela demora mais a chegar”, afirma. Ele chama a atenção para a velocidade com a qual a tecnologia tem avançado, citando que em pouco tempo 10% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento estarão utilizando próteses impressas em 3D. “Isso na saúde terá grande impacto. Por exemplo, quando uma pistola puder ser impressa com essas máquinas, quantos serão os feridos por arma de fogo? ”, convida Asseituno à reflexão.

Daniel Branco acredita que as novas tecnologias, como as redes sociais, podem favorecer a aproximação entre o médico e paciente. “Algo que os latino-americanos valorizam muito”, ressalta. É preciso, no entanto, cautela no uso dessas tecnologias, defende Branco, e entender que elas ajudam, mas não substituem as relações interpessoais. “Servem a simplificar processos, como um grande aliado do médico”.

Para o CEO da Care Unit, Luiz Tizatto, a tecnologia tem favorecido a todos os setores da economia, uma vez que torna o sistema mais eficiente e eficaz. “Mas no caso da saúde, essa evolução tem ocorrido de forma mais lenta. Porque no Brasil, por exemplo, a telemedicina ainda não pode ser adotada”, lamenta. Tizatto defende a necessidade de um maior envolvimento do Conselho Federal de Medicina nesse processo. “É preciso criar um ambiente propício dentro da ética, claro, com cada profissional e empresa respondendo por suas ações, mas que permita o surgimento da inovação”, orienta.

Moderadora da mesa, a professora e coordenadora do Núcleo de Telessaúde da UFPE Magdala Novaes afirma ser necessária uma maior atenção para a formação dos futuros profissionais de saúde, que neste momento não estão sendo capacitados para dominar a tecnologia. “O perfil do médico e o cenário vem mudando, mas os profissionais não estão se adequando. É preciso trabalhar a tecnologia também na formação deles”, alerta a acadêmica, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).