Pesquisa pioneira do governo de São Paulo será conduzida pelo Icesp
O início dos testes em humanos, conduzido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), na capital paulista, é possível já que a realização do estudo foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, do Ministério da Saúde.
O estudo prevê uma primeira fase em que serão avaliados 10 pacientes para determinar a segurança da dose que vem sendo utilizada na comunidade. Após essa primeira etapa, caso a droga não apresente efeitos colaterais graves, a pesquisa prosseguirá.
No estágio 1, está previsto a inclusão de mais 21 pacientes para cada um dos 10 grupos (tipos) de tumor: cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto (intestino), colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado. Os candidatos passarão por triagem e deverão preencher os critérios de elegibilidade para determinar a segurança da droga. Se observados os sinais de atividade da substância nessa fase, o estágio 2 se iniciará com mais 20 participantes em cada grupo.
Progressivamente, desde que se comprove atividade relevante, a inclusão de novos pacientes continuará até atingir o máximo total de 1.000 pessoas (100 para cada tipo de câncer). A estratégia adotada permitirá melhor compreensão da droga.
Todos os pacientes serão monitorados continuamente por uma equipe multiprofissional com larga experiência em testes clínicos, no Icesp.
O Instituto recebeu da Fundação para o Remédio Popular (Furp), laboratório oficial da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, cápsulas suficientes da substância para realizar a pesquisa.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a sintetização da fosfoetanolamina foi feita pelo laboratório PDT Pharma, localizado no município de Cravinhos, interior paulista. A Furp encapsulou a substância e entregou ao Icesp. O pesquisador aposentado da USP de São Carlos, Gilberto Chierice, tem acompanhado todo o processo.
É a primeira vez na história que a fosfoetanolamina sintética será testada em humanos, por iniciativa do governo de São Paulo, visando analisar a eficácia da substância no combate ao câncer.
"O projeto de pesquisa clínica foi desenhado sob a ótica de especialistas de alto conhecimento técnico. Nossa prioridade é a segurança dos pacientes, por isso, nesse primeiro momento, vamos avaliar, com grande responsabilidade, se a droga é segura e se há evidência de atividade. É um processo extenso, que deve ser acompanhado com cautela", destaca o oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp.