Hospital São Camilo iniciará atendimento diferenciado a pacientes com suspeita das enfermidades a partir deste mês
O último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde apontou, com base nas informações de 2016, as taxas de incidência de casos de dengue: as regiões Centro-Oeste e Sudeste registram os maiores índices – foram 1.275 casos a cada 100 mil habitantes e 997 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que há epidemia quando um local registra ao menos 300 casos a cada 100 mil habitantes.
As temperaturas elevadas e alto índice de umidade do verão proporcionam condições ideais para a ocorrência das desagradáveis arboviroses (doenças transmitidas por insetos), como dengue, chikungunya e zika. José Ribamar Branco, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, reforça que é necessário cuidado redobrado. “É preciso estar muito mais atento a febres, manchas e dores no corpo, que podem ser sintomas de dengue, zika e chikungunya”, explica o médico. De forma a ficar longe deste risco, é importante acabar com todo foco de reprodução do mosquito. Além disso, o uso de repelentes contra insetos pode evitar picadas que possam transmitir o vírus.
Plano de contingência
Nesta época do ano, clínicas e hospitais tendem a se organizar de modo a triar, diagnosticar e tratar os portadores das três doenças de forma mais eficiente e organizada. Para isso, são colocados em prática planos de atendimento e contingência. Em São Paulo (SP), o Hospital São Camilo sairá à frente em 2017. “Embora o pico dos casos da doença esteja previsto para ocorrer entre fevereiro e março, nos organizamos para atuar de acordo com o Plano de Contingência já desde janeiro”, explica Dr. Fábio Kawamura, clínico geral.
Com o objetivo de agilizar o processo, a triagem e abertura de ficha de pacientes com suspeita de arboviroses será realizada em um guichê exclusivo. "Logo em seguida, a pessoa será encaminhada diretamente à área de Infectologia do Hospital, onde receberá medicação e hidratação padrões em boxes reservados. A enfermagem entrará em ação logo em seguida, para coleta de material e realização dos exames diagnósticos em tempo hábil." Os exames são hemograma, prova do laço e teste rápido para o antígeno NS1 e IgG IgM.
A equipe de Infectologia da Rede será diariamente direcionada a estes atendimentos, com aumento de quadro se necessário. "Nosso time de Enfermagem também recebeu treinamentos sobre o atendimento e procedimentos necessários a estes casos e está completamente apta", comenta o médico. O plano de contingência da Rede de Hospitais São Paulo funcionará nas três unidades e tem previsão de término em maio de 2017, podendo ser estendido caso houver necessidade.
Complicações neurológicas
A contaminação por parte de doenças virais, como a dengue, pode, em alguns casos, desencadear doenças neurológicas associadas, como encefalite, meningite, mielite, neuromielite óptica e síndrome de Guillain-Barré. Entre os casos dos tipos 2 e 3 da doença, de 1% a 5% podem evoluir para condições neurológicas. "Isto pode acontecer tanto por conta da atuação direta do vírus sobre o sistema nervoso, provocando inflamações, quanto por conta de uma reação imunológica, cujos sintomas costumam surgir cerca de um mês depois da contaminação pelo vírus", explica Sandro Matas, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Os sintomas da dengue são conhecidos: dor de cabeça intensa, febre alta, dores nas articulações, mialgia e dor retro ocular. Nos casos de encefalite associada, por exemplo, há também a repentina redução do nível de consciência, sonolência, convulsões e outros. "Na mielite, existe a perda de força muscular dos membros inferiores e o paciente pode perder a capacidade de andar", explica o neurologista. "Na síndrome de Guillain-Barré, essa perda de força muscular pode ascender, atingindo também os membros superiores. O risco maior é de se chegar a uma deficiência respiratória."
O diagnóstico de condições neurológicas associadas à dengue e outras arboviroses é importante para que os pacientes possam receber os tratamentos adequados, explica Matas. "Essas doenças associadas são, normalmente, benignas e menos perigosas que as ocorrências bacterianas, por exemplo. Com o uso de medicamentos específicos, tendem a desaparecer em alguns dias, sem deixar sequelas. Por isso, o diagnóstico correto é importante."